Jones acordou trêbado. Boca seca, cabelo desgrenhado, olheiras denunciando as poucas horas de sono, vestiu uma bermuda e foi ao banheiro mijar. Caminhou até a cozinha, abriu a geladeira e agarrou uma garrafa d'água. Entre um gole e outro (santa água, imaginava), decidiu levar a garrafa para perto do computador.
Jones ajeitava os óculos enquanto tentava trabalhar. Sabia que era difícil, mas não havia outra opção. O deadline – ah, a porra do deadline – estava perto. A cobrança era iminente e Jones só lembrava das brahmas do bar. Também, quem mandou encher a cara? Cerveja é que nem o slogan do cheetos, imaginou: impossível comer (beber, no caso) uma só. Bom, agora já era.
E Jones escrevia, escrevia, escrevia, e nunca saía do lugar. Realmente incríveis os efeitos da cana nas pessoas, concluía. Mais divagando do que trabalhando, ele foi interrompido de súbito por um telefonema. O celular tocou uma, duas, três vezes. Jones olhou o número no bina e sentiu um calafrio. De repente, o porre ia virando passado. Hesitante, abriu o flip do aparelho com o polegar e disse, seco:
– Alô.
No outro lado, silêncio. Longo silêncio. Inquietante silêncio. Jones sequer repetiu o alô. Sabia que agora, sim, eram favas contadas. Ao contrário do porre, aquilo não tinha volta.
30 novembro 2005
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3 comentários:
Texto teu? Muito bom.Tem futuro.Continua.
valeu, pai. ou ju...
não fui eu
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