Enrique divagava. Sua vida era divagar, e aí valia mesmo o trocadilho. Filósofo profissional, levava a alcunha de professor – alcunha, porque apelido é coisa de colegial. Tratava-se de um homem de palavras sempre planejadas. Tanto que, gostava de dizer, suas afirmações eram sólidas, lembrando prontamente que existem ainda as líquidas e gasosas. Tudo variava conforme a sustentação dos argumentos.
Certo dia, seu amigo Manolo surpreendeu-o com um questionamento:
– Ser ou não ser?
Eis a questão. Bela questão. Se William Shakespeare não soube respondê-la, o que esperar de Enrique, o professor? Que divagasse. E assim foi, até o fim da vida. Morreu divagando, e sem a resposta. Prova de que a vida é implacável com os medíocres. Ou não?
23 março 2006
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3 comentários:
Não será Shakespeare?
erro de digitação...
Ah, bom...
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