Olho nele / Carlitos Tevez
O que ele tem de feio, tem de craque
Carlito Tevez nasceu pobre, é argentino, feioso e ostenta dentes irregulares, uma queimadura que vai da orelha direita até o pescoço e o apelido "El Manchado". Já brigou com companheiros, adversários e quem aparecesse pela frente. Mas é jogador de seleção. Diferenciado. Craque. Daquele tipo que joga muita bola e decide a parada sozinho. Aos 21 anos, ele quer porque quer arrebentar na Copa da Alemanha.
As defesas que se cuidem. Carlitos é um atacante explosivo, raçudo e talentoso. Filho pródigo da escola argentina de futebol, conquistou as galeras do Boca Juniors e, mais tarde, do Corinthians, justamente por não levar desaforo para casa. Ah, e também por ter nascido para colocar zagueiros na roda, ao ritmo portenho da Cumbia, e bolas nas redes.
O berço nada esplêndido, aliás, explica muito de sua personalidade. A barra-pesada do bairro Ejército de Los Andes, conhecido como Fuerte Apache, uma das zonas mais perigosas de Buenos Aires, moldou o craque. Problemas na família e a violências nas ruas e nos campos de futebol do local provaram que a dor ensina a gemer. Ele aprendeu bem a lição.
Enquanto outros reclamavam da vida, Carlitos conquistava o Brasil, a Argentina, o mundo e as Olimpíadas. Ele sabe ser firme quando precisa, mas ninguém diga que no hay ternura. Florencia, sua pequena herdeira, sabe bem disso.
A sorte dela é que, com um aninho, não precisa ouvir o disco que o papai e a banda Piolavago lançaram – Los Pibes del Barrio. É ruim de doer, tão sinistro quanto a infância de Carlitos e a perspectiva dos zagueiros que irão marcá-lo na Alemanha.
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