Florine Siegert era francesa. E, só por isso, já pensava ser grande coisa. Pensava tanto que pouco dava a bola para a repetição de palavras ou verbos, sejam quais fosse, porque ser era com ela mesma. A concordância também ia para o espaço, porque ela era Florine, um ser superior. Soava estranho, quase como ficção científica, mas era o que ela dizia. Melhor, pensava. Rainha da primeira pessoa do singular (plural é para pobre ou político, mon amour), Florine seguia na mesma ladainha. Até que um dia disseram-lhe:
– Fermer votre bouche!
Um cala-boca bem dado. Florine, como se estivesse em um filme, novela ou qualquer obra imaginária, acatou. Fechou o bico e parou de usar o ser. Como se EU fosse grande coisa, pensou. Enfim, Florine provou que pensava.
21 junho 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário