Talagaço em Bagé – parte 1
Jango guardou o Trezoitaço. Antes que alguém pense mal, não se trata da cena de um crime. Um tanto orgulhoso do próprio calibre, sempre gostou de apelidos. Ou apodos, como dizem os castelhanos. Peão em Dom Pedrito, Jango usou a arma para um ato primário. De pé, em meio ao campo, fez o serviço com urgência e exprimiu satisfação com um leve sorriso ao finalizá-lo. Olhou para baixo, conferiu, sim, tudo em ordem, e ajeitou a bombacha. Uma ovelha branca pairava cerca, acuada. Jango fitou-a fundo, rosnou-lhe alguns xingamentos campeiros aos quais não cabe aqui reproduzir, apertou a guaiaca, ensaiou o passo e emendou, com a voz grave e acentuada do homem rude da Fronteira:
– Não tem nada melhor do que mijar nos bichos.
E rumou para o galpão, cuspindo o fumo do palheiro que se avizinha.
Comentário do crítico
Nuno Saint-Tropez, crítico de literatura do jornal A Doidivana, de Pelotas-RS:
"Gente, não sei o porquê desta opção pela rudeza. O autor pode explorar traços elementares do gauchismo, como pernas fortes e peitos definidos, mas parte para um caminho pseudo-erótico. Quase pensei que a ovelhinha, sortuda, tinha virado caldo. Carlos Guilherme nos deve essa. Quem sabe no próximo capítulo?"
04 junho 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário