Quinta-feira, 20h. Marlos* chama seu irmão do meio, José*, no MSN. Propõe jantar fora, coisa que planejavam há dias e não levavam a cabo devido à incompatibilidade de horários. José aceita a proposta e fica combinado que Marlos o pegará às 21h30min no posto de combustíveis ao lado do apartamento.
Chegada a hora, José surge imponente com sua camisa de grife e adentra no Volkswagen de Marlos. O irmão mais velho pergunta se Zé tem alguma preferência de restaurante. Diante da negativa, sugere um local, o Bar do Neto*, famoso por picanhas bem fornidas acompanhadas de fritas, arroz e algo como R$ 180 em saladas. A conta sairia em torno de R$ 25 por pessoa.
Zé meneia os cabelos cuidadosamente penteados, cabeceia em sinal negativo, emite um grunhido e finaliza:
– Pois é...
Compreensivo ao irmão, nada afeito a saladas, Marlos pede então por opções. Novo "pois é", e Zé ouve que uma parrilha seria boa alternativa.
– Mas estava ruim na última vez – rebate.
Devido ao adiantado da hora, Marlos dá a partida no Volks, deixa o posto e toma uma avenida. No caminho, a muito custo convence o irmão sobre o Bar do Neto. Ainda escuta:
– Não é muito botecão?
Não era. Trata-se de um lugar adequado para uma refeição de quinta à noite. Instalada em uma mesa, a dupla passa a vistoriar o cardápio. Marlos simpatiza com a tal picanha acompanhada por arroz e fritas, enquanto Zé insinua incursão por filés, apesar da ojeriza aos molhos que eventualmente acompanham estes pratos. Na saída, talvez frustrado, revelaria desejo por um filé à parmegiana.
No fim, valeu a força da maturidade: picanha na mesa. Como praxe do local, a salada chega antes. De olho em uma boa saúde e proteção contra gripes e resfiados, Marlos ataca maionese, rúcula, alface, pepino e cenoura. Zé ignora o prato com medidas em torno de 35cm de comprimento e 15cm de altura e faz as honras da casa com um pedaço mínimo de cenoura. Apesar da aparente desfeita, dá mostras de que está com uma perna oca. Quando os seis bifes de picanha recaem à sua frente, porém, encarna um etíope faminto e não deixa pedra sobre pedra.
Perguntado ao final dos trabalhos se havia gostado da comida, Zé recorreu à sua habitual fleuma:
– É...
A dupla pede, então, a conta. Marlos alega que havia esquecido o dinheiro em casa, e Zé paga R$ 51 com o cartão. No retorno ao apartamento, cobra o irmão. Recebe R$ 20 porque Marlos não dispunha de nota de R$ 5. Injuriado, Zé sugere:
– Me dá uma nota de R$ 50 que eu te devolvo R$ 30...
O irmão não aceita a generosa oferta, e o jantar acaba custando mesmo R$ 20. Preço de uma noite para lá de agradável.
*Nomes fictícios
22 novembro 2008
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Um comentário:
Bando de canguinhas!
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