Flash conto

Gilles Saint-Laurent voltou fulo do Emporio Armando. Ar blaisè, bateu continência com Mr. Officer ante o que considerou ousadia da baixa costura, o uso de vegetal cozido em uma peça confeccionada por Louis Vitão. Carioca da gema, Vitão roubou a matéria-prima da quitanda de Samuel Calvin Klein, o estilista das multidões. Zeloso do patrimônio, como manda a etiqueta de um bom francês, Samuel chamou a poliça. Prontamente apareceu o comissário Lewis, um americano troncudo socado dentro de um jeans tão gasto, mas tão roto a ponto de o aspecto remeter à lida dos velhos mineradores do oeste americano.
Pois Lewis disparou:
- Cadê o roubo?
Samuel retrucou:
- Tá com o Vitão.
- E o Vitão? - perguntou Lewis.
- Gilles e Officer devem saber.
O comissário Lewis se dirigiu, então, ao encontro dos dois. Comiam trufas e foie-grass quando depararam com o grosso do comissário. Encantados com a perspectiva de ferrar a baixa costura, tão somente com isso, com nada mais, mesmo, dedaram Vitão a todo gosto. Nada como uma dedada, riram, sorrateiros.
Nosso poliça, portanto, rumou reto e rasteiro ao Emporio Armando, onde Vitão entregava um carregamento de tubaína ao Armando em pessoa. É para os clientes beberem while shopping, destacou o bilíngue criador. Lewis grunhiu.
Officer e Gilles surgiram de surpresa. Assistiram a tudo. À indiferença de Armando, amigo dos fiscais da Receita. À cara de pau de Vitão, ladrão confesso. Ao acesso de fúria do comissário Lewis, destemperado quando acolheu o fruto da pendenga, uma camiseta com a inscrição Rede do Céu. Deve remeter à recente fusão da quitanda de Klein com a funerária de Caco Rabanne.
Mas acontece que Lewis surrou Vitão e o encaminhou para o camburão. Cuspiu o chão e voltou para o distrito, murmurando pelo triste fim do nabo da quintanda de Samuel Calvin Klein. Se ainda fosse written in english, comprava, confidenciou a Samuel.
- Mas aí os compradoras não endenderiam o brase - devolveu Samuel, tão sábio quanto os mais nobres dos franceses.