XICO SÁ
Carta aberta a Mr. Jagger
Não é de hoje que tenho os Rolling Stones como o melhor da autoajuda roqueira |
AMIGO TORCEDOR, amigo secador, permita-me, enquanto você ainda blasfema contra o Dunga e seus pensamentos hediondos, que se corrija, pela metade, a injustiça que se cometeu com o velho roqueiro Mick Jagger. Tratado jocosamente como pé- -frio da Copa, como se as forças estranhas guiassem a Jabulani para o lado contrário do poder da sua mente, o cara dos Rolling Stones esteve com a sua Inglaterra, com o Brasil do seu filho, e, por afinidades eletivas, com os EUA e com a Argentina.
A essa altura, é notícia mais do que velha o destino desses times. O momento é de lembrar como o Mr. Jagger pode até render azar no jogo, mas como o rapaz iluminado dos palcos traz sorte no amor!
"Love Is Strong", música do disco "Voodoo Lounge" (1994), é uma amuleto sonoro. É, gazela, o amor é forte, e você é muito doce, você me deixa forte, você me deixa fraco -por aí segue o lirismo da letra. Está interessado por uma pequena, amigo, e ela está jogando naquela retranca miserável de mulher-ferrolho? Siga a moça guiado só pelas estrelas, não por Twitter ou Facebook, procure a danada nos bares ruins, siga, vá em frente.
É ouvir essa faixa, e o amor platônico se transformará milagrosamente em uma transa homérica, como diria o poeta Eduardo Kac na marginália mimeografada dos anos 1970.
Azar no futebol, sorte grande nas estratégias da alcova, com direito aos bambuzais do "Kama Sutra". É, Mr. Jagger, justiça seja feita: você é o cara nesse assunto, e não poderia deixá-lo na mão nessa hora de tantas calúnias.
Não é de hoje que tenho os Rolling Stones como o melhor da autoajuda roqueira. A tudo cura. Da dor de corno àquela melancolia difusa dos domingões em que nossos times naufragam e nossas mulheres desaparecem. É o que digo aos meus chapas: canção dos Stones a todo volume e um uiscão duplo levantam qualquer Lázaro sem carecer de Jesus.
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