14 janeiro 2007

Missão: futebol

Fim de semana sem futebol é dose. Tinha o jogo tradicional de sábado e que acabou não "tendo" por falta de quórum. Semana que vem deve sair.
A solução foi conferir a preparação do Guarani pro Gauchão, no domingo. Jogo em casa contra o Santa Cruz, no clássico local. O time ganhou, tem muito o que evoluir. Óbvio que não vou fazer análise da partida por aqui. Se estou postando, é porque tenho coisas interessantes a contar e que prenderão a atenção do leitor. Se alguém chegou até aqui, certamente irá até o final.

1) Fui ao estádio com meu irmão Juliano, como "civil". Nada de carteiraço como cronista esportivo (minha carteirinha da Aceg me dá esse direito). Chegamos em cima da hora, e a social estava lotada, com poucos espaços no cimento (não levamos jornal ou almofada, então...). Já tinha começado a pelada, e não conhecíamos praticamente nenhum jogador....

2) Mas o juiz, sim. Era o Oneide, ex-goleiro do Guarani e árbitro do amador de Venâncio. Está mais velho, bem diferente da época em que ele quebrou uma cadeira nas costas de um torcedor do Brasil, de Pelotas, na maior briga que eu já vi num estádio. Foi em 1994.

3) O Oneide até apitou bem. O problema era o bandeira que cuidou o ataque do Guarani no segundo tempo. Bandeira do quadro amador de Venâncio, claro. Ele errou duas vezes escandalosamente, e contra o Guarani. Numa delas, um torcedor levantou e explicou, tintim por tintim, o que o cara deveria ter marcado. Foi de rolar de rir...

4) Pouco mais de 15 minutos de jogo e o Adão, centroavante do Santa Cruz, leva cartão vermelho direto. Confesso que não vi, mas o cara que estava com rádio do meu lado afirmou que o Adão agrediu o juiz. Até é verdade, porque ele tentou dar no Oneide antes de sair do campo. Pouca coisa, logo seguiu a pelada.

5) Primeiro tempo chato e modorrento, de 0 a 0, com meu conhecido Airton, ex-Inter, de Santa Maria, demonstrando o velho futebol cadenciado e improdutivo. Cantei a pedra pro meu irmão: no segundo tempo, a torcida pega no pé dele. Dito e feito, porque saiu vaidado...

6) A essa altura o Guarani, com um a mais, perdia por 1 a 0. O lateral do Santa Cruz, cara de cantor da Tropicália, acertou uma falta no ângulo. Saiu Airton e entrou o Colares, artilheiro da Taça da Amizade (do amador de Venâncio) e em testes no Guara.

7) O Guarani pressionou e logo empatou, levando a torcida ao delírio. Antes disso, houve lances bisonhos. E diálogos idem, como o de uma senhora com o filho dela. Eles estavam perto de mim:
– Parecem paratas tontas – disparou a mulher, em português com sotaque fortíssimo de alemão.
– E o 17 é o Zidane. Ele é careca – devolveu o guri, referindo-se a um atacante do Guarani que eu sequer sei o nome.

8) O jogo ia chegando ao fim e o Guarani, cansando. O Santa Cruz trocou quase todo o time e colocou o Rafael, um guri de Venâncio, ex-Guarani, e que era o sonho do Guara pro Gauchão. Vaiaram o coitado na hora da entrada, e ele, talvez por amor ao ex-time, não fez nada em campo. Na quarta passada o Rafael jogou melhor na pelada dos amigos do meu irmão, no areião do Freda. Eu estava no time dele, entrei no fim e deixei meu gol.

9) Nos acréscimos, gol do Guarani. De quem? Colares! Ninguém passava a bola pro guri, em claro corporativismo (ele sequer tem contrato profissional). Na hora da comemoração, demorou pra alguém abraçá-lo. Enfim, o jogo logo acabou, e o Colares foi o primeiro a ser entrevistado pela Rádio Venâncio. Detalhe: o guri trabalha como técnico nessa rádio...

10) Vendedor de radinhos circulou pela social. Tinha uma pilha (sem trocadilhos) de aparelhos na mão, e oferecia cada um por R$ 10. Ninguém comprou. O cara ia saindo, e começaram a provocá-lo:
– Te pago R$ 5, te pago R$ 10!
O vendedor olhou quem brincava e só riu. Na hora da saideira, e da última piada, sequer virou as costas:
– Três por R$ 10, três por R$ 10!

11) Entrevistas pós-jogo. Radialista ouve torcedor na saída do estádio:
– Quem foi o melhor em campo?
– Não sei... nem vi o jogo direito. Acho que foi o cara da copa, que serviu a cerveja geladinha o tempo todo...

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