04 janeiro 2009

Ginsu - cap. 2

Minha faca pedia bis, é verdade. O que fazer? Atendê-la, ora. No meu caso, não mais do que unir o útil ao agradável. Parece blablablá de serial killer, mas nasci assim e quem não gostar que trate de se defender. Que culpa tenho de completar com louvor o esteriótipo do assassino em serie, aquele que além de maníaco é atraente, inteligente e bom de cama, não necessariamente nesta ordem?
Pois sou tudo isto. Quem duvida, que tire a prova, mas aviso que o desafio vale para as mulheres e que aquelas que o aceitarem não por aqui ficarão para contar a história. Vocês que bem prestaram atenção no primeiro capítulo do meu conto notaram que matei uma mulher, e que ela era feia. De cara, denota duas coisas: sou sangue-frio, mas democrático. Trepo com o que vier pela frente, contanto que os fins justifiquem os meios.
Meios, nestes casos, remetem ao estado no qual me encontro. Matar soa como sinfonia à minha alma, então nada mais justo do que supor certo alívio a esta altura. Sim, estou flanando pelas ruas em uma madruga um tanto gélida quanto aprazível. Em busca de outro corpo, sem dúvida, embora no meu caso seja impossível dar duas sem tirar –com a faca, neste caso.
Se o puteiro do começo da minha história era um necrotério, não posso antever nada diferente para o prédio do qual me aproximo, distante 200 metros do anterior – sim, pensei tudo isto em um raio de 150 metros, sinal da minha inteligência, atributo com toda a pinta de diferencial para o desfecho desta história, o qual soaria como inverossímil se contado a esta altura. Não o farei, fiquem tranquilos.
Pois dou de frente para a entrada, por sinal aberta. Nada da famosa luz vermelha, acredito eu acessório do baixo meretrício. Não que o estabelecimento escolhido seja de luxo ou minimamente arrumado. É normal, e nada mais. Mas sou obrigado a admitir que minha roupa, a qual citei anteriormente e quem não lembrar que corra atrás, dá certo status. Ou cara de arrumado. Um mulher mal imagina meus pensamentos quando me cumprimenta e convida para subir. Veste blusa branca combinada com short. Atravesso a porta, digo que aceito o convite e subo as escadas observando sua bunda, afinal, ninguém é de ferro.
Por sorte, os puteiros de classe média ainda não descobriram o detector de metais.

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