17 janeiro 2010

Um dicionário, plis!

Pois o blog confunde as pessoas. Descobri isso neste findi, depois de ouvir, via terceiros, relato sobre uma jovem feliz da vida ao ler uma referência à estimada pessoa por aqui - até descobrir o significado de alcova, que a acompanhava no post. Não entendo o porquê da indignação, já que alcoviteiros todos fomos, somos ou um dia seremos, nem que seja na derradeira.
Pensando na compreensão alheia, porém, decidi elaborar um glossário do blog. Separei algumas expressões que apareceram por aqui desde o final de novembro. Poucas, mas boas. Bom proveito aos meus diletos leitores, pois preferi incluir, na medida do possível e conforme a possibilidade, referências históricas.

Alcova
Expressão originária do português Arcaico, dono de um armazém de secos & molhados em Évora, na segunda metade do século XVII. Certa feita, ele sentiu a necessidade de enterrar a mulher, visto que pretendia matá-la. Queria fazê-lo, porém, de maneira discreta, sem rumores e ruídos na vizinha. Cavou, ora pois, um buraco, e a mandou "à cova". Desnecessário lembrar o que o passar dos anos fez com a palavra, adaptando-a à grafia e pronúncia atuais. Deu origem ao termo coveiro, que significa "aquele que enterra". Dentre esta classe, destaca-se Zé Mayer.

Obscuro
O prefixo ob remete a bloqueio, tal e qual pre, do próprio prefixo, significa preparação antes de fixar, tipo a relação quadro e parede. O pobrema é dizer o que raios quer dizer curo. Faltam-me luzes para decifrar o verbete.

Indulto
Essa é fácil. Saiu das colônias portuguesas, embora haja dúvida entre a real procedência: Angola, Macau ou New Hampshire. Faz referência ao tributo cobrado pela Coroa sobre o tabaco. Acabou modificada, porém, já que o costume de presentear o próximo no Natal a transformou em sinônimo de presente. Até porque todos trocavam cigarros nas festas de fim de ano antes da cruzada antitabagista.

Hostes
Vem do britânico host, que podemos traduzir por canjica de galinha. Por isso falei na debandada em massa das hostes da Operação Barriga. Debandar, aliás, vem a ser dar uma voltinha. Há um sinônimo, porém: aquele pãozinho dado pelo padre na comunhão.

Xeque
Pouco usado na atualidade, visto que a opção pelo cartão de crédito ou banricompras da vida dominam nosso sistema financeiro. O xeque, portanto, acabou justo na época em que os originários do termo, os sultões do Oriente Médio, mais prosperam. Porque, como bons turcos, foram os primeiros a descobrir as benesses do pagamento a prazo, o popular "pindura".

Precursor
Já expliquei o significado do prefixo pré. Concluído este preâmbulo, vou ao ponto rememorando a origem francesa do termo cursor, cuja referência mais remota encontra-se em Calais, no porto, tomando a barca rumo a Dover. Os britânicos adoram roubar os co-irmãos, mas foram longe demais.

Dirimir
Modo antigo de secagem de grãos, originário da Pérsia. Por isso é usado acompanhado do verbete dúvidas. Indica um fim para as perguntas, mas nada de respostas. Na verdade, objetiva calar quem questiona. Bastante popular nesta gestão do Ministério da Justiça.

Blaisè
Nada como falar em basco, dá um ar de inteligência que não sentia desde a primeira comunhão, quando comi duas hostes em vez de uma e, por isso, encaminhei logo uma inédita segunda comunhão, criando um significado novo à expressão matar dois coelhos com uma cajadada só. Blaisè é uma vestimenta grossa, espessa e larga, feita com lã de carneiros. Foi popularizada no frio, quando o ar estava pesado. Por isso, o tal do ar blaisè. Aliás, tenho um blaisè de lã dado pelo meu pai que é o ouro. O problema é que aqui não é a Básquia, região no norte espanhol que deu origem dos bascos. Falta frio, portanto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessantea origem da palavra indulto, que antes era imposto cobrado sobre o tabaco das colônias portuguesas, e hoje aqui no Brasil é uma "ferramenta" jurídica de perdão judicial onde Presidente pode perdoar a pena do preso. De imposto para perdão...

que mudança!

Abraços